revista helisul

Ele é itinerante, apaixonado por moto e tem um “quarto secreto” em casa

Compartilhe esse post

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email

O técnico em aviônica Bruno Basso não corre dos desafios e, neste ano de 2023, completa  dez anos de dedicação à manutenção das aeronaves da Helisul

A residência oficial é em Araraquara, no interior de São Paulo, mas você piscou e Bruno Basso pode estar em qualquer base da Helisul no país, sem hora para voltar. O técnico em aviônica tem esta função itinerante há cerca de quatro anos. Ele está à disposição da empresa para atender panes e instalações, principalmente nas partes elétrica, de navegação e de instrumentos. Mas não é de hoje que Bruno passeia por aí. 

Natural de Ribeirão Preto (SP), o técnico em aviônica viveu com os pais em Santo André, na região do ABC Paulista, até os 17 anos. Nesta fase, ele, filho único, junto com seu Marcos e dona Eleny, mudaram para Curitiba, em busca de qualidade de vida para a família. Com ensino médio concluído, Bruno iniciou o bacharelado em Ciências Aeronáuticas na Universidade Tuiuti do Paraná. Ele “achava” que queria ser piloto (e logo vamos entender o porquê). 

As disciplinas teóricas foram finalizadas, mas faltaram as horas de voos e o objetivo não chegou a se concretizar. Os planos mudaram. Quando terminou as disciplinas teóricas do curso, em 2004, resolveu iniciar o bacharelado de Tecnologia em Manutenção de Aeronaves, na mesma instituição. E, aí sim, dois anos depois, estava com o diploma na mão. 

Bruno trabalhou durante oito anos com a instalação de aviônicos em aeronaves de asa fixa em uma oficina no Bacacheri e também foi professor universitário, na própria instituição onde concluiu a graduação. “Quando terminei a faculdade, fui convidado para dar aulas. No curso que me formei, no semestre seguinte, me integrei como professor e permaneci por nove anos dando aulas”, conta Bruno.   

A empresa em que o técnico trabalhava no Bacacheri tinha clientes em comum com a Helisul. Da mesma forma, os colaboradores tinham algum relacionamento. Bruno foi chamado para auxiliar na resolução de uma pane em um helicóptero de um destes clientes comuns às duas empresas e seu desempenho agradou tanto que ele foi convidado a trocar de endereço profissional. Foi informado que, quando quisesse, as portas da Helisul estariam abertas.

Upgrade na carreira

O momento chegou entre dois e três anos depois do convite. “Achava que precisava dar um upgrade na carreira e, em 30 dias, entrei na Helisul”, conta ele. No dia 24 de junho deste ano, três dias antes de completar 40 anos, Bruno vai comemorar uma década de serviços prestados para a empresa. “Foi a decisão mais acertada da minha vida”, comemora.

Em 2019, quando surgiu a oportunidade de ter uma função itinerante, Bruno não pensou duas vezes e aproveitou para providenciar a volta para São Paulo. Mais precisamente para Araraquara. “É a cidade da minha família, dos meus avós. Meu filho hoje tem 7 anos e achava muito justo que ele pudesse conviver com os meus avós, o que é tão raro hoje em dia.”

Sendo assim, Bruno, a esposa, Gisele, e o pequeno Guilherme encaixotaram tudo, fizeram as malas e partiram para uma nova etapa da vida. Os pais de Bruno continuaram em Curitiba, mas não por muito tempo. Por conta da pandemia, decidiram deixar a capital paranaense e voltar para perto da família também. Hoje estão todos unidos e felizes em Araraquara.

Influência do pai para o filho

Seu Marcos é engenheiro civil e isso foi essencial para estimular o interesse do filho pela mecânica. “Ele sempre foi aquele cara que consertava tudo em casa, instalava qualquer coisa elétrica, fuçava em tudo, e acabei criando afinidade com as máquinas. Meu primeiro brinquedo era um Genius e desmontei ele inteirinho, mas não tinha capacidade de montar”, recorda.

Bruno sempre gostou de um desafio. Entre as muitas recordações de infância, a da primeira lanterna ele nunca esquece. “Quando tinha 6, 7 anos, fabriquei minha primeira lanterna com durex, fio, interruptor de luz, uma lâmpada e pilha. Embalei tudo com durex. Funcionou e achava o máximo que tinha conseguido fazer isso”. 

Todo tipo de quinquilharia virava o brinquedo mais legal na mão de Bruno: chuveiro desmontado, peça de carro, carburador. “Eu tinha um baú com um monte de peças, de porcarias que eu adorava. Era criança, mas adorava desmontar, montar, ver como as coisas funcionavam. Isso veio de muito novo.” 

Nessa fase, a aviação era um dos temas que encantavam e chamavam a atenção de Bruno. Por isso, pela lógica, ele achava que queria ser piloto. “Nunca parei para pensar no lado da manutenção. Aí, durante o curso de piloto que fiz, é que me dei conta de que não era a área que eu tinha que seguir por aptidão. Minha aptidão era manutenção”, revela. 

Somente quando decidiu fazer o curso de manutenção é que não teve mais dúvidas de que seu negócio era a área de elétrica, devido a ter tanta facilidade. “Foi a porta que se abriu primeiro pra mim, acertei em cheio.” 

Baú virou quarto secreto

Lembra do “baú de porcarias” do pequeno Basso? Pois Bruno cresceu e o baú esticou junto. Virou um “quarto secreto”, que nem a Gisele tem a chave. “Tenho um quartinho que é meu só, fica trancado. Lá tenho um pequeno museu de peças de avião, coisas que ganhei. Tenho um monte de porcarias penduradas. É onde trabalho, faço minhas coisas de casa, faço consertos”, conta. 

Outra brincadeira que Bruno gosta é de criar impressões 3D. Ele tem a própria impressora e já começou a tirar onda de designer. “Eu me divirto muito. É muito legal. Faço peças de decoração, vaso, já fabriquei réplica de arma e agora estou desenvolvendo um lado de desenhar as peças no computador e já consertei algumas coisas com peças que desenhei e fabriquei.” 

Bruno garante que a impressão é apenas um hobby, por enquanto. Junto a isso, e sem deixar o universo das potentes máquinas, ele curte carros antigos e motocicletas. Como sempre gostou de um desafio, aos 26 anos comprou a primeira moto sem nem ter experiência em pilotar. Foi logo investindo o primeiro salário como professor universitário em suaves parcelas de uma Harley Davidson. 

“Todo mundo me chamou de louco. O dia que montei na moto, realmente achei que era doido, que fiz uma burrice. Pensei: ‘Não vou saber andar nisso aqui’. Mas logo aprendi. Eu tirei a carteira e fui comprar a moto no mês seguinte. Aprendi a andar e se tornou uma paixão”, se declara. 

A Harley foi vendida, veio o casamento e Bruno passou um tempo sem moto. “Acabei comprando um carro antigo, uma Variant. “Agora vendi a Variant e voltei pra moto, ela falou mais forte. Mas é de passeio, passeio de fim de semana, baixa velocidade, estilo retrô. Não gosto de nada moderno. Gosto de pegar a estrada, almoçar ou tomar café da manhã em um lugar diferente.” 

E quando não está “curtindo” um desafio de trabalho ou um passeio de moto, Bruno não abre mão de estar em Araraquara com a família. ”Quando minha missão está concluída, retorno para minha residência e aí é dedicação total. Faço questão de buscar meu filho na escola, levar ele nas atividades esportivas. E, mesmo estando longe, todos os dias, a gente fala por vídeo, mantendo contato. Tem funcionado.”