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A sorte de ter uma profissão que garantiu dois amores para a vida toda

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A área da aviação é tão apaixonante, que até quem nunca pensou em trabalhar nela acaba cedendo aos seus encantos quando tem um pouco mais de intimidade. Cynthia de Lacerda sabe bem como é. Esta analista de operações da Helisul foi “mordida pelo bichinho” das ciências aeronáuticas há alguns bons anos, antes mesmo de entrar para a universidade. 

A primeira experiência na aviação foi como comissária de bordo, naquela fase de transição da adolescência para a vida adulta. Cynthia conciliava as aulas com o trabalho em um consultório médico. Mas por que começar o curso na área? Ainda hoje ela não sabe responder. 

“No consultório, uma mulher comentou que era comissária. Achei interessante. Fiz por fazer, não queria ser comissária. Na verdade, não sabia o que queria”, conta aos risos. “Fiz e as coisas foram acontecendo. Quando vi, já estava voando”, revela a analista de operações. 

O primeiro trabalho, ainda em terra firme, foi como estagiária no balcão de check-in da extinta Rio Sul Linhas Aéreas. Nesta época, Cynthia já estava na faculdade de Ciências Aeronáuticas com habilitação para Gestão de Empresas Aéreas, na Universidade Tuiuti do Paraná (após desistir de um recém-iniciado curso de Secretariado Executivo na mesma instituição). 

Pouco depois, em uma época na qual a Rio Sul teve as operações assumidas pela Varig, surgiu a oportunidade de Cynthia mudar de emprego e entrar para uma companhia aérea que estava prestes a ser lançada no mercado brasileiro. 

“Levei meu currículo para um comandante da Gol Linha Aéreas e me ligaram. Foi bem no comecinho. A gente abriu no aeroporto de Curitiba. Trabalhei um ano e pouco no aeroporto e depois fui para voo”, relata.

Cynthia conta que, apesar de não ser um sonho, adorava voar e trabalhar como comissária de bordo. Paralelamente ao trabalho, veio um namoro, um casamento e uma gestação. E Jéssica nasceu.

Um bebê a bordo… e tudo mudou!

Com a chegada da única filha, as prioridades mudaram e a profissão começou a deixar de ser tão prazerosa. A rotina de viagens e pernoites fora de casa começou a pesar ao coração. Após o nascimento da menina, Cynthia perdeu o interesse pelo trabalho como comissária, por conta das dificuldades que passou a enfrentar por consequência dos constantes períodos de separação e devido à distância.

“Depois que ela nasceu, voei mais uns dois anos e meio. Viajar, ficar longe, não conseguia administrar isso”, conta. Em dias de trabalho, a pequena Jéssica ficava sob os cuidados da avó ou tia maternas. Nem com a companhia do pai podia contar, já que ele também atuava como comissário. “Cada vez que saía a escala, eu chorava”, recorda Cynthia.

A decisão de desistir do trabalho como comissária de bordo coincidiu com uma demissão em massa de funcionários da companhia, após um negócio de aquisição fechado com outra empresa do ramo. Cynthia foi inserida na leva e nunca mais voltou a campo, mesmo com várias investidas de outras importantes aéreas. “Me chamaram várias vezes, mas não quis mais saber”, diz.

Um amor que se transforma

Ela fechou as portas para os voos, mas o amor pela aviação não mudou. Ele se transformou. Foi um bom tempo sem emprego, afinal, como ela mesma diz, “só sabia voar”. Até que surgiu a oportunidade de fazer parte do time da Helisul, graças a um empurrãozinho de uma companheira de faculdade.

“Minha amiga Silvia trabalhava na Helisul, me falou da oportunidade de fazer uma entrevista e deu certo.” Foi em um 4 de julho de 2001 que tudo começou – quase 11 anos atrás. Sempre no setor de operações, Cynthia desempenhou um pouco de cada função: lançamento de diário de bordo no sistema, envio de processos para a Anac e até dedicou-se aos cuidados com os uniformes dos funcionários da Helisul.

Atualmente, como analista de operações da companhia, Cynthia trabalha na coordenação de treinamento de pilotos, lidando com toda a parte burocrática do processo. “Tenho contato direto com os pilotos, é bem interessante. Não saí da minha área”, celebra ela.

Além de não sair, ainda contagia outras pessoas. Lembra da pequena Jéssica, filha de pai e mãe comissários de bordo? Ela não só passou a infância para lá e para cá, especialmente na rota Curitiba – São Paulo, a bordo de aeronaves, como também foi “mordida”. Hoje ela tem 15 anos, é uma apaixonada pela aviação e já segue os passos da mãe.

“Ela está trabalhando como Jovem Aprendiz no departamento de compras da Helisul e tem vontade de ser piloto”, conta a mãe. 

Jéssica tem um contrato de dois anos com a empresa. Enquanto trabalha e se aprofunda nos processos diários da empresa, a adolescente não vê a hora de fazer 18 anos (em dezembro de 2024), para se candidatar não somente ao curso de piloto em uma universidade, mas ao de comissária de bordo também. 

Se depender de Jéssica, o legado de amor e dedicação pela aviação deixado pela mãe está garantido: “A aviação está no sangue. A gente entra e não sai mais.”